terça-feira, 15 de julho de 2014

Acusação do Poeta



Quem és tu para pensar
Que não há outro clamor e outras vozes
Na vastidão do mundo de meu Deus

- A diferença é que minha voz é grito
Não discurso: Deliro e tenho convulsão em praça pública
Não levanto bandeira, mas o baluarte para as nações

Teu coração não é mais vasto que o vasto mundo
Tuas verdades não são mais retas que as rodas dos sábios

Não tenho sequer verdades
Que aspirem a reger existências
Maior é o Vasto mundo que o tamanho do meu coração
E menor que minha fome: Devoro-o!

(...)

Assim o vento passa
Entre os rios, entre vidas
Como alguém que quer levar mensagem
Algum verso subversivo, uma canção...

Nas margens dos rios àquelas verdades enterradas
No túmulo junto ao dono: Um tolo!

Juro perante Deus não reclamar
Não escrever manifesto ou lamentação
De que valia teria isso no paraíso?
Quem lembraria de mim
Quando todos estiverem ébrios e alegres no botequim?

Lembrai-vos de mim no Paraíso
Não vos poderei seguir
A vida me leva

A Vida é um delírio
Um absurdo!
Sonhá-la-ei

Viver as vivências
Saborear a realidade com toda intensidade
Até transcender

Eu vos digo que aquela criança
Que larga as convenções e os consensos
Para seguir os eternos mandamentos:
- A Infância é Sagrada
Ela é o Guia de vossos lares
E ordenará a todos
A brincar nos Jardins dos Profetas

A vida que me resta
Se não eterna agora
Não é eterna o bastante

Lutai por nossos reinos e sonhos
Nos Jardins das Quimeras
Rasgai os selos do Livro
Venha o Novo Tempo
Amai a Vida e seus ornamentos
Nenhuma acusação encerrará
O Vosso Amor Milenar através das Eras