quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Bicho

Vi semana passada um bicho
Na imundície da cidade
Desembolando seu rango no meio do lixo que a gente deixou sobrar

Quando achava uma coisa,
Não parava para cheirar:
Mandava tudo para dentro.

O bicho não era um homem,
Não era um gato,
Não era um tiranossauro.

O bicho, meu Deus, era um cachorro!

Então eu chamei alguém para ajudar
Mas esse respondeu:
- Qualé bicho!

O bicho, meu Deus, era eu!

Vi um bicho catando versos no lixo
Blá, blá, blá!
(...)

O bicho meu Deus! Era um poeta!

Olhei em volta e vi um monte de bicho apressado na cidade
Meus Deus! Não era só um bicho comendo lixo!
Eram vários bichos!

Os bichos meu Deus! Era um formigueiro
(Desculpa esse não é o nome)

Então subi no arranha-céu
E com um alto-falante gritei
Para que a multidão me visse
E só Deus pudesse me escutar

Então clamei com fúria e poesia
(Oh! Foi épico! Fui maravilhoso!)

- O bicho meu Deus! Era a humanidade!