quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Eu queria escrever Poesia

I - Para Crianças

Eu queria que os brincalhões passos
De uma Pessoa Hilária e Dançante sobre o piano
Pudesse chegar em sons e abraços até as Crianças

Eu queria que as Crianças assim despertassem todas as manhãs
E adormecessem a hora que elas quisessem
Quando o sonho... Ah só o sonho
Lhes levassem - Colocassem elas para dormir
E tirassem elas do sono para poder brincar
Para que todos nós pudéssemos enfim trabalhar
Levando o sonho das crianças a sério
Porque é preciso ser sério
Quando as crianças tocam em nosso peito
E nos convida a falar de amor
A agir de amor

Eu queria escrever poesia
Todos os dias
Que eu pudesse ser uma pessoa séria
Que olha para os olhos das crianças
Sério
Com amor
Com vontade de fazer uma obra
Que as inspire
A continuar no sonho
E eu continuar como se estivesse no sonho delas
Ah! Como eu queria escrever poesia

II - Para a Humanidade

Queria acordar girando e brincando
Com ganas de ver o sol
Não ver o sol porque me dá esperança
Ver o sol porque me dá calor

Um céu azul para que eu possa olhar
E nada mais que isso

Sim, sim!
Eu quero acordar um dia
E sentir a natureza
Fazer um esforço para que eu me limpe
De toda impureza metafísica

Eu quero toda a pureza da natureza
Sem ver criação, obra de Divindade, nem nada
Eu quero só sentir
Calor, luz
E eu quero me sentir amado com isso
Eu quero - Eu quero dizer para meu corpo
Sinta-se amado
Faça-se amor

Se eu pudesse eu escreveria uma poesia também
Diante disso
Para que eu pudesse registrar enfim
O que tem que ser registrado
Então eu mandaria cartas
Cartas de fraternidade a toda a humanidade
Com o que eu escrevesse eu iria mandar uma carta para cada uma e cada um
Declarando a minha fraternidade
E o meu compromisso
Com a Poesia
Com a Poesia Maior
E prometendo a cada pessoa que comunga da mesma humanidade que eu:
"Eu estou contigo
Eu te chamo de minha irmã e de meu irmão
Eu estou contigo
Eu quero a Verdade
Eu luto pela Beleza na Vida
Eu tenho o Bem como Tijolo de obra para toda construção

Eu estou aqui
Eu vivo
Eu quero saber como é estar aí
Como é a Beleza em teus olhos?
Como vai a Beleza em teus olhos?
Você me escreveria uma poesia de volta?
Responda a minha carta"

Eu tenho o amor de toda a humanidade
Porque meu corpo viu a luz e apenas isto
Apenas isto...

Meus olhos viram a luz
Minha pele sentiu o calor
Isso é amor
Eu sei que isso é amor
Meu corpo está banhado em amor

Ah...
Se eu escrevesse poesia
Eu iria mandar só cartas assim
Por toda minha vida

Mas por eu não poder mandar, porque me falta os versos
Eu mando o que tenho
Declaro minha fraternidade a humanidade inteira
Por todos os encontros que eu tiver em minha vida

Ah! Mas...
Ah! Se eu... O amor correr em mim...
Ah! Se eu escrevesse poesia

III - Para Amantes

Medo
Medo não é palavra que eu gostaria de dizer
Porque eu queria dizer algo para Amantes
Bem que eu queria escrever um poema de amor

Mas há de ser isto mesmo
Amantes!
Tenham medo!
Tenham medo do amor
Tenham medo do que o amor pode fazer
Porque o amor há de pegar a mediocridade de vocês e estilhaçar
Há de pegar todos, todos vocês que são narcisos
Todos vocês que são barganhadores
E deixar vocês miseráveis
Ou cheio de riquezas que vocês não dão conta de assumir

Pois bem
É isso
Tenham medo
Tenham medo
O amor há de vos perseguir
Há de vos destruir
Sim, sim!
Todas as vossas máscaras
Todas as vossas caras limpas
Tudo isso o amor há de pegar
E mudar de lugar
Tenham medo do amor
Saiam correndo
Saiam em disparada enquanto é tempo

O amor não tem hora para chegar
Não tem hora para voltar
Então eu sugiro que...
Façam o que for preciso
Mas...
Não amem de forma medíocre.

Se for para pegar o amor
Agarrem com toda a força
Se for para largar o amor
Larguem com toda a força
Mas nada de mediocridade.

Se vocês querem menos do amor
Chamem isso de outras coisas
Não chamem de amor não
Ao menos não sejam mentirosos com o amor
Sejam mentirosos com aquilo que se pode mentir
Sejam hipócritas diante de si mesmos
Até isso seria mais verdadeiro do que dizer:
"Ah o amor não existe
Ah! Eu não amo
E não amarei ninguém
Ai lá lá lá"

Isso não é nem ridículo
Quem dera pessoas medíocres deste tipo, que dizem tais coisas
Pudessem ser ridículos como eu sou...

Ridículo

Não, não...
- Não!
Podem me chamar de um grande louco
De um grande sábio, de um grande alguma coisa
Que me torne razão da excomunhão do bom senso
Mas...
Não, não
Não aceito me chamar de medíocre
Eu sou ridículo

Eu quero escrever poesia a todas as pessoas que amam

Todas as pessoas que amam riem da minha pretensão
Eu sou muito pretensioso eu sei
E as pessoas que amam
São mais pretensiosas que eu

Eu gostaria apenas de escrever
Um poema de amor
Mas eu não sei
Eu não sei escrever...
Mas é tanta coisa que eu gostaria de dizer do amor
Mas eu não vou dizer
Vou calar aqui tudo o que eu gostaria de dizer do amor
Tudo aquilo que eu gostaria de ensinar a Amantes
Com tragédias, com vitórias, com finais felizes
Não, não...
Eu vou me calar diante do amor
Porque eu tenho medo

Diante do meu medo que eu confesso
Nada mais posso fazer
A não ser amar
A não ser pegar meu coração
E levar ele para o mais-ainda-além da fronteira do ridículo
Pegar a minha mediocridade
Pegar o meu narcisismo
E a minha barganha eterna
E quebrar, quebrar, quebrar no Templo do Amor!
Quebrar a minha cara
Apanhar do amor
Tentar inclusive agredir o amor

Poder ser tão ridículo
Tão ridículo
Agressivo
Inofensivo
Que eu vou dizer ao meu coração:
Vá coração - Tolo!
Vá meu coração
Grande idiota
Vá acreditando no impossível
Vá acreditando que existe um amor ainda oculto
Que ainda não se manifestou, mas que se manifestará no tempo apropriado
Vá coração insistindo onde não existe o que insistir mais
Vá coração não desistindo quando a desistência já foi autorizada
Vá coração acreditando que no tudo existe o nada
E que do nada
Há de aparecer o amor como uma criação!

Ah! Vá coração
Ser tão ridículo
Fazer coisas tão erradas
Amar de forma tão errada
Para que eu possa ficar aqui atrás de ti
Anotando sabedoria
E aprendendo de todos os seus erros

Vá! Vá a frente
Dando a cara a tapa
Acumulando de troféus de ridículo e de escárnio

Vá coração meu escarnecendo
Brincando com orgulhos
Deixando com que brinquem com o seu
Sendo brincadeira
Despertando iras sérias

Vá coração meu
Vai, Vai tropeçar
Vai tropeçar e achar que é equilibrista

Vá pela estrada
Vá! Desapareça!
Deixando todas as pistas


Que eu estou aqui
Atrás de você engrandecendo o meu entendimento
Eu quero ser ridículo ao ponto de ter todo este entendimento
Na observação completa
De meu coração
Até que eu sinta o ridículo de tal forma
Que eu não queira mais ficar atrás do meu coração indo a frente
Até que eu possa me unir ao meu coração
E fazer tudo diferente
Tudo, tudo diferente
Apenas por sentir
O que eu tenho para sentir

Eu já não me importo com mais nada
Eu não me preocupo com aquilo que eu não tenho que me preocupar
Eu sei amar quando eu sinto o amor
Eu estou pronto quando eu estendo as minhas mãos
O amor não é sabedoria final
O amor só é além da minha sabedoria
O amor está um passo a frente do meu entendimento
Eu quero entender
Amar e ser amado
Depois de tudo aquilo que eu fiz as outras pessoas
Tudo aquilo que me fizeram
Tudo aquilo que me colocou digno demais ou indigno demais de amar
Eu quero dar
Um passo a frente

E um passo a frente
Com esta certeza: Ciência do amor
Eu me dispenso de querer escrever qualquer poesia
Diante do que eu sinto