quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Hino ao Tempo

Como um Deus esquecido pelo ato de Criar por um Povo
E por outro ser o Deus celebrado pelo mesmo motivo
Eu fico em silêncio diante do meu pranto e do meu riso
Preparo-me para o Fim diante do velho e do novo

Eu não me renovo com cantigas alegres
E nem com cantigas de um amanhã triste - Prenhe de promessas
Eu estou farto de mensagens do Amanhã
Não te esperarei e não esperarei ninguém
Nem a mim: Ninguém de Pessoa Nenhuma
Tampouco quando eu for a Pessoa Nenhuma de Todos
Estamos todos Sanos e estamos todos Loucos
Estamos sem gente suficiente na insuportável Multidão
Estamos prontos para o desembarque na Festa
Onde celebraremos o fim de cada um com a Prontidão
Havendo esta de nos buscar ou ser encontrada

- Nada! Não nos resta Nada! Há muito tempo que Nada nos sobra
E é copiosamente adorada!

Aqui estamos
Aqui somos
E a que ponto chegamos

Eu sei que quando souber
De onde vim até agora em diante
Saberei do meu tarde demais
Do que for de mais me livrarei
Me atarei ao agora de meu entardecer
Adormecer superará qualquer despertar

Portanto
Aceito o Tempo
Dou-lhe o Hino
Que se vá este agora
Já estou indo
E quando tudo não for mais que agora que sempre tive
Me lembrarei apenas do Tempo
Esquecerei os momentos e as gentes
Perdoarei da mesma forma quem me deixou triste e quem me viu alegre
Cantarei o meu Hino

O Tempo está se tornando em Mim
E quem há de saber?
Quando este há de ser um amigo
E não apenas um fim?

Quem há de saber?
Que o Tempo pode dar as minhas Manhãs
O Sabor que elas sempre tiveram
Quando eu não estava lá para saborear
Quando eu-não estava lá para saber

"O Tempo não espera"
"O Tempo se apressa"
Mentiras! Fartas Mentiras!
Para todas esperas e pressas desonestas!

O Tempo
Continua fazendo o Rio Fluir
O tempo continua em Mim
Para Manifestação do que sou
E ainda me dá tempo
Para julgar o que sou
Em Juízo Infinito até o Final

Eu cantarei
Eu canto
E não me lembro da última vez que cantei
E se foi pranto ou se foi tanto para que eu não pudesse nomear

Para Sempre
Para Nada
Para Tudo em Fim
Na Madrugada
Ao Tempo
Que Nunca Mais sonhara
Eu ergo-me lento
Eu ergo-me completamente
Sem refrear minha boca de dizer meus silêncios
E inundar meu rio de mágoas
Estas passarão
Eu não passarei
Simplesmente porque não sei o Passar
Se conheço o Tempo para dizer se é travessia ou não
Não arrogo, não rogo e não creio
Eu senti muito esta tarde
Eu senti muito quando deixei as pessoas
Para senti-las em Solidão
Solidão Eterna igual ao Mar
Esta sim
Passará
Eu não
Eu não sei
Eu não sei
Que Nada é Eterno
Que Eternidade é Nada
Nada Mais no Mar
Há de encontrar o Tempo?
Ela não foi encontrada
E nunca será
Ela será manifestada
Seremos manifestados
Pelo Tempo
Quando este canta o seu Hino
Somos Todos Manifestação
De Seu Oculto
Que seja Fim Então
Toda Obra de esconder-se
Com as horas contadas
Da Música Imanifesta
Da Realização de Tudo
Para Sempre Tudo
Universo batendo igual ao meu coração
Outros Universos serão
O meu Coração não sei
Saiba o Tempo
Eu não sei...
Eu não sei...
Como acaba
O que comecei
O Tempo, O Tempo
Que valsa lento
Na Infinda Estrada
de toda Velocidade

Eu não serei relógio
Eu serei um Hino
O Tempo não sabe o que se espera que este saiba
O Tempo há de ter mais o que fazer
Do que somente Ler
Todos os seres
Todas as Coisas
Que este tem para Escrever