segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A Melodia de Outono

I

Corações Quebrados devem ficar fora do amor
Fora de qualquer harmonia
E se melodia o amor inspira
Corações quebrados devem ficar fora disto

Corações quebrados devem ir ao pó
Pois vêem de Estátuas no Jardim
Jardim agora sem as gentes dançantes
Sem praça, sem celebração
A música não toca mais
A fome pelo Amor não está aqui
Perfumes além-campos a fizeram peregrinar
Se foram todos
Cabe então que os corações quebrados paguem
Fragmento, por fragmento
Em justiça as Montanhas e as Pedras
Que não queriam ser esculpidas
Por mãos humanas estúpidas
Bruscas
Línguas más que chamam de bruto
O que passa por seres milhares, milênios milhares de milhares
Em artes do vento

Mas chamam as mãos destruidoras
Mãos que não tomam a vida para danças
Que roubam a vida e as danças
De mãos artísticas!
¿A que chamareis...? ¿arte?
Se nem o que tomais para vós
tendes parte?

II - Kali

Eis todo pó aqui
Chove e choro
Minhas mãos oleiras
Vão se descobrindo assim
Por obrigação
depois de ouvir a Sinfônia da Destruição
Com ouvidos atentos
Suplício lento
e coração oni-insciente onde se inscreve tudo
De amor
Que de amor que se canta
Tudo escuto
Só dela ouço!

III

Beijos lentos emergirão
De todo suplício
De todo amor ignorado e desconhecido
Virá o Convite para a Vida ao Amor
Vindo em uma Celebração de Saber-se-junto
- C(...) V(...)!
Só dela ouço!
Só Ela posso ouvir!
Ouço a Sinfônia da Chuva
E as danças de vento no Jardim
Vejo ainda muito mais do que vi
A música, os perfumes, Ela-Mulher
Tudo o que era pleno de perfeição já sendo tão humano
Sendo tão esclarecimento já sendo tão mistério
Tanto amor havia, tanta felicidade
Que o transbordar convidava até para segredos
Mesmo que confessados aos beijos
E agora há! Porque houve e sempre haverá!
Tudo ouço, tudo vejo
entretanto nada sei
Até o advento de minha Sabedoria vir
No tocar das mãos que à descoberta dos prazeres enamorados
Guias serão!

IV

Não mais lamento por corações quebrados
Eis que virá
Ela!
A Melodia de Outono
Na qual sempre serei
Sem precisar me escutar
Escuta-me Tu!
Óh! Tu que me escutas...

Sagitário - Melhor Signo - Melhor Época do Ano

Tô cheio de zueira e otimismo

Cinismo e Inspiração

Quem aguenta o paradoxo

Pegue na minha mão

É necessário escrever

devo amar a mim
- òbvio!
É necessário escrever!

O amor! Que lindo! Amemos!
- Para que repetir?
É necessário escrever!

Vamos melhorar o mundo! Falar: Humanidade, rezar: Liberdade!
- Ahr!
Escrever, escrever, escrever!

Escrever| é preciso|navegar mais que isso!
Viver é artigo de luxo, apenas desejo: de continuar a escrever!
E escrever, reescrevendo acima das areias do tempo
Tudo o que foi tomado por outros anos
Contra os ares revoltosos de tudo o que se sabe
Que não há nada novo debaixo do sol

Visto que o antigo que já foi dito
Ninguém escuta
E o que de novo se tem
Já é costume
E o que se sabe
Ninguém sabe mais que dizer que sabe
Escreverei resoluto
Não dependo de uma nova sabedoria para ter o que dizer
E mesmo dependente das não-novidades a lançar para as gentes
Sou escrevente
Das obviedades eloquentes
Não conheço outro motivo
Não professo outro credo

Para escrever igual ao que se quer
Ou diferente de tudo que há
Tanto me faz, tanto não
É previsível pessoas buscarem o inédito e o imprevisível
Eu prefiro perseverar em escrever de forma previsível e desnecessária
Meu caminho limitado vou até o limite
Meu caminho com fim traçado vou até o fim
Vou experienciar a Beleza com tudo: Já sabeis
Portanto não vou além do entendimento para ter tudo o que preciso
Vou viver o que de Amor há de se falar com suspiros
Vou escrever o que há de esquecer ou de se lembrar
Visível
Sempre passível de ser visto
Jamais mostrando-me ou escondendo-me
Não preciso: Eis o escrito

Até o fim dos dias, mesmo que já findado os meus
Vou diante do tempo
Sempre escrevendo
Ninguém me deterá
Certamente me encontrará
A escrever
Certamente o encontrarei
escrevendo-o!

Sol

I

Não visto no reino dos mortos
e nem existente para deleite de ser visto no reino dos vivos
Apenas para brilhar surge
Tampouco Ser... Manifestação!

Quem pensa em ser diante da luz?
Quem tem tempo para vaidades existenciais quando se está plenamente existente?
Quem tem tempo para máscaras de consciência quando se está atento?
Quem tem irresponsabilidade para se ausentar quando saber é estar presente?

II - O que é o Passado?

Somos nós mesmos de forma tão Absoluta
Que sentimos o envio de nós por nós mesmos
Para preencher e caminhar outros tempos e outros espaços

Somos nós
Nunca os mesmos e Sempre o mesmo movimento
De tempos e tempos
Numa origem sem fim
O Beijo do Infinito no Finito

Infinito seja
Estar dentro do Fim
Tão intensamente ao ponto de ser dever não aceitar quaisquer prisões
Apenas a nossa liberdade acompanhada
Verdadeira liberdade
Verdadeira construção

III - Solitude

Solitude nos jardins da aurora florescerá
Jardins de aurora florescem
Com a devida Solitude para regar
Amar, aquecer e dar a devida observação

Da Solitude a Observação
Que tudo ilumina generosamente
O Sol que manifesta atiça os seres
E presto estes vão uns aos outros como querendo esclarecerem-se
De onde veio o despertar primeiro...

Quem é o Ser Primeiro que despertou?
Quem poderá dizer verdadeiramente?
Então declare-se orgulhosamente
Verás que teu Orgulho de Ser não foi o primeiro e nem será o último
Então saibamos que em todo o tempo que se há é todo o tempo que passou
"Houve um nós
E haverá eternamente"
Seja a Canção do Futuro no Coração
Que estava na memória e está a ser cantada agora

Solitude

Ter consciência da Solidão
Já é ter companhia
É conter a Solidão
De forma completa
Isto é Solidão? Não.
É um princípio de começo
Para não-iniciados

Quem em infinitude finge dançar
Apenas reclama, apenas revolta
Por quantos círculos quiser contar
...

...E se eu ignorar ou enlouquecer
Livrando-me do peso dos anos
Eu não serei o que será de mim
Trancado por anos de saber de mim
Dou as mãos a minha In-finitude
E a certeza
É de que com esta eu vou dançar
Até que com Ela eu possa também dançar
Quantas geometrias, geografias e universologia experimental
Que isto há de revelar!
- Há de revelar! Dancemos! Um brinde as tuas mãos! As tuas mãos...

Maior
Absoluta
Pura
Saber ter a Solidão: Doçura
E por que não? Low-cura, Cura
para toda sabedoria pura
E é por aí
Que a saga continua!

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Inspirado pelo filme (...)...

domingo, 27 de novembro de 2016

Oração Blasfema

Sou antiglobalista até os ossos
Tenho ojeriza Orwelliana eterna a utopia dos porcos
Nego e renego o Evangelho de Karl Marx para a humanidade
Eu vejo o cordão umbilical inquebrantável
Entre ditos revolucionários e banqueiros
Entre socialistas e empreiteiros
Entre justiceiros e burocratas
E militância cultural em prol do próprio bolso

Sou anti-tradicionalista até os ossos
Da tradição de obedecer sem duvidar
A tradição de lutar contra mim
Em nome do rebanho de tolos
Para os donos dos matadouros

Eu blasfemo, eu duvido e eu questiono
Sei que isto levará as lágrimas
Os crocodilos que choram pelas vítimas entre seus dentes
Os papagaios que me dizem "Pela justiça, pelo bem e pela igualdade"
Vindos de cidades transformadas em manicômios a céu aberto
Da doença que doutores devem eternamente tratar:
A culpa
Pelos males de todo o mundo e toda a história
Até que a cura seja
A obediência absoluta

Sei que os fatos me fazem uma pessoa pior
Sei que não consentir com a bondade dos heróis prontos para o uso
Ah! Isto não me faz apenas um vilão, mas um socialpata
Mas sou blasfemo e minha oração é blasfema
Apenas pelo privilégio de desagradar corações leves
E se é para o desagrado de todas almas boas do mundo
Venham todas estas para esta blasfêmia minha que grito:
- LIBERDADE! LIBERDADE! LIBERDADE!