I
Eu acredito no
livre arbítrio
Nós acreditamos
no livre arbítrio
Eles acreditam
no livre arbítrio
Elas acreditam
no livre arbítrio
Tu acreditas no
livre arbítrio
Vós acreditais
no livre arbítrio
Ele acredita no
livre arbítrio
Ela acredita no livre arbítrio
Ela acredita no livre arbítrio
Eu, Simão,
acredito no livre arbítrio
Nós, Simão e
Madalena, acreditamos no livre arbítrio
Freud acredita
no livre arbítrio
Richard Dawkins
acredita no livre arbítrio
Meu cérebro
acredita no livre arbítrio
Não acredito no determinismo em nome da Religião
Nem no
determinismo em nome da Ciência
Nem no
determinismo em nome de Deus
Tampouco no
determinismo em nome da Humanidade
Meu cérebro
acredita no livre arbítrio
Porque assim é
Porque assim
está determinado
Por minha genética ser essa
Por minha genética ser essa
Porque o meio do
qual sou produto me fez assim
Eu acredito não
por resistência ao domínio do inconsciente
Eu acredito por
fé
Eu acredito por
amor
Eu acredito no
livre arbítrio
(E você?)
Meu cérebro
acredita no livre arbítrio
II
“A vida é minha,
eu faço o que quero”
Tudo bem, tudo
bem!
Mas você
procurou saber o que Deus quer de você?
E o que Ele te
instruiu a respeito das coisas que você escuta?
Aqui no Ocidente
falhamos na busca de Deus
Breve chegará o
tempo
Em que não
haverá religião aqui
Pois há muito
sangue em nossa cabeça
Eu já blasfemei
contra esse Deus Ocidental
E há muito
sangue em nossa cruz
Como uma sábia
jovem me disse
Penso que nosso
jovem paganismo
Foi interrompido
pelo Judeu expulsado
Penso que o
misticismo dos nativos que viveram aqui
Foi dissipado
por verdades bíblicas
Pois tudo o que
o Ocidente tem são verdades bíblicas
Mas não temos o
maior cantor árabe de todos os tempos
Nem verdades
para nossas vidas
Temos verdades
democráticas e de liberdade
Até ao ponto da
conveniência e não da cultura
(E essa busca
será legada a outros
A outros que
irão nos ensinar
A Sabedoria de
Deus
Sempre virá do
Oriente
Rabinos e gurus
indianos
Um jeito mais
oriental de viver
E o fim de nosso
império de comércios)
De nós
americanos
O que seria?
Se a morte e o
ódio não viesse da Europa?
O que seria se evoluíssemos no nosso tempo?
Se fôssemos
agora jovens adultos
De anos
incontáveis de cultura ininterrupta
O que seríamos a
não ser o refúgio das almas penadas de vós?
(O ciclo de ódio
de Israel
Até a Europa
Da Europa até a
Ásia e África
Da América e
Oceania
Deve ter fim
Aqui no Brasil,
na Argentina
e no Chile)
Eu acredito no
livre arbítrio
...É tudo por
causa da virtualidade da sua mente
Que vossos
sábios não foram estudados o suficiente
Que nossos
poetas foram descuidados
Toda a contingência
na qual mergulhas
E por ser
sensível és remetido à sensação de escolhas
É consequência
da virtualidade da sua mente
Que liberdade
haverias sem teu cérebro?
Que pensamento a
respeito do espírito haverias sem teu corpo?
Eu acredito no
livre arbítrio
E lembro que com
sua voz doce e agradável
Lembraste-me que
o humano já foi um animal
É tudo
virtualidade da minha mente
Causado por meu
cerébro animal e primata
E toda
contingência gerada
São
possibilidades, probabilidades
- Estatísticas!
E Não por causa
do livre arbítrio
Que nunca esteve
entre nós
E nunca
influenciou na história da humanidade
Nem controlou
nossos corpos
A não ser a
idéia do livre-arbítrio
Controlada por
nosso cérebro
Eu penso que
muitas pessoas querem formas
Geometria
Enqüanto fecho os olhos, penso que a vida
É movimento e
transformações
Agora que
podemos tudo
O que faremos?
O que faremos?
As pessoas
querem que lhes preste satisfação
Das minhas
formas, da minha química cerebral, da minha fórmula
Do meu plano,
dos meus projetos, dos meus rastros
Mas não querem a
verdade do meu sangue
Do meu sangue
quente, viscoso e latino
Frente as
suspeitas de que o “eu penso” está sozinho
Não querem saber
do meu sangue quente e de aromas
Do meu corpo
vivo, porque não querem problemas e perguntas que este fará
Por isso estudam
meu cadáver: Nada mais é que um corpo comportado
Que é minha
única herança a qual lego (e da qual não é nada)
Junto com meus
pensamentos mortos
Que com intento
vil tentam alguns avivar
Para que ainda
no além-túmulo eu seja atormentado
Pela história
que não me interessa mais
Óh! Não querem
saber do meu sangue latino
Do meu corpo
vivo, do meu coração
E do meu amor!
As coisas mudam
e ainda
Através de
formas diferentes de pensar
E apesar de que
ninguém me violentará intimamente por completo
Porque podem ser
oniscientes do meu corpo e das minhas ações
Mas não podem
seqüestrar minha subjetividade
E desnudar minha
alma...
Eu acredito no
livre arbítrio!
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