quarta-feira, 16 de julho de 2014

Livre Arbítrio



I

Eu acredito no livre arbítrio
Nós acreditamos no livre arbítrio
Eles acreditam no livre arbítrio
Elas acreditam no livre arbítrio
Tu acreditas no livre arbítrio
Vós acreditais no livre arbítrio
Ele acredita no livre arbítrio
Ela acredita no livre arbítrio

Eu, Simão, acredito no livre arbítrio
Nós, Simão e Madalena, acreditamos no livre arbítrio
Freud acredita no livre arbítrio
Richard Dawkins acredita no livre arbítrio

Meu cérebro acredita no livre arbítrio

Não acredito no determinismo em nome da Religião
Nem no determinismo em nome da Ciência
Nem no determinismo em nome de Deus
Tampouco no determinismo em nome da Humanidade

Meu cérebro acredita no livre arbítrio
Porque assim é
Porque assim está determinado
Por minha genética ser essa
Porque o meio do qual sou produto me fez assim
Eu acredito não por resistência ao domínio do inconsciente

Eu acredito por fé
Eu acredito por amor

Eu acredito no livre arbítrio
(E você?)

Meu cérebro acredita no livre arbítrio

II

“A vida é minha, eu faço o que quero”
Tudo bem, tudo bem!
Mas você procurou saber o que Deus quer de você?
E o que Ele te instruiu a respeito das coisas que você escuta?

Aqui no Ocidente falhamos na busca de Deus
Breve chegará o tempo
Em que não haverá religião aqui
Pois há muito sangue em nossa cabeça
Eu já blasfemei contra esse Deus Ocidental
E há muito sangue em nossa cruz
Como uma sábia jovem me disse
Penso que nosso jovem paganismo
Foi interrompido pelo Judeu expulsado
Penso que o misticismo dos nativos que viveram aqui
Foi dissipado por verdades bíblicas
Pois tudo o que o Ocidente tem são verdades bíblicas
Mas não temos o maior cantor árabe de todos os tempos
Nem verdades para nossas vidas
Temos verdades democráticas e de liberdade
Até ao ponto da conveniência e não da cultura

(E essa busca será legada a outros
A outros que irão nos ensinar
A Sabedoria de Deus
Sempre virá do Oriente
Rabinos e gurus indianos
Um jeito mais oriental de viver
E o fim de nosso império de comércios)

De nós americanos
O que seria?
Se a morte e o ódio não viesse da Europa?
O que seria se evoluíssemos no nosso tempo?
Se fôssemos agora jovens adultos
De anos incontáveis de cultura ininterrupta
O que seríamos a não ser o refúgio das almas penadas de vós?
(O ciclo de ódio de Israel
Até a Europa
Da Europa até a Ásia e África
Da América e Oceania
Deve ter fim
Aqui no Brasil, na Argentina
e no Chile)

Eu acredito no livre arbítrio

...É tudo por causa da virtualidade da sua mente
Que vossos sábios não foram estudados o suficiente
Que nossos poetas foram descuidados

Toda a contingência na qual mergulhas
E por ser sensível és remetido à sensação de escolhas
É consequência da virtualidade da sua mente
Que liberdade haverias sem teu cérebro?
Que pensamento a respeito do espírito haverias sem teu corpo?

Eu acredito no livre arbítrio
E lembro que com sua voz doce e agradável
Lembraste-me que o humano já foi um animal

É tudo virtualidade da minha mente
Causado por meu cerébro animal e primata
E toda contingência gerada
São possibilidades, probabilidades
- Estatísticas!
E Não por causa do livre arbítrio
Que nunca esteve entre nós
E nunca influenciou na história da humanidade
Nem controlou nossos corpos
A não ser a idéia do livre-arbítrio
Controlada por nosso cérebro

Eu penso que muitas pessoas querem formas
Geometria
Enqüanto fecho os olhos, penso que a vida
É movimento e transformações

Agora que podemos tudo
O que faremos?

As pessoas querem que lhes preste satisfação
Das minhas formas, da minha química cerebral, da minha fórmula
Do meu plano, dos meus projetos, dos meus rastros
Mas não querem a verdade do meu sangue
Do meu sangue quente, viscoso e latino
Frente as suspeitas de que o “eu penso” está sozinho
Não querem saber do meu sangue quente e de aromas
Do meu corpo vivo, porque não querem problemas e perguntas que este fará
Por isso estudam meu cadáver: Nada mais é que um corpo comportado
Que é minha única herança a qual lego (e da qual não é nada)
Junto com meus pensamentos mortos
Que com intento vil tentam alguns avivar
Para que ainda no além-túmulo eu seja atormentado
Pela história que não me interessa mais

Óh! Não querem saber do meu sangue latino
Do meu corpo vivo, do meu coração
E do meu amor!

As coisas mudam e ainda
Através de formas diferentes de pensar
E apesar de que ninguém me violentará intimamente por completo
Porque podem ser oniscientes do meu corpo e das minhas ações
Mas não podem seqüestrar minha subjetividade
E desnudar minha alma...

Eu acredito no livre arbítrio!

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