As trevas são mais densas
A solidão quase
absoluta
De quases a luz
é fraca
E eu sei onde
ela leva
Não mais quero
agradar
Meus versos são
apenas
Ofício de um
rabugento
Que se fartou de
ver os dias passarem
Que vocês se
alegrem
Comam bem e
tenham boas conversas
E calem a boca
daqueles que querem me aconselhar
Sou um poema
para ser suportado
Antes capaz,
agora bruto
Com um pouco
menos de vida, mas intenso
Fatalista e
convicto
Sem muitos
planos e histórias sem fim
Eu sou o velho
poeta
A escalar de
novo o monte
A medir teu novo
novamente
A te devolver o
que porventura perdestes
A te guiar
mancebo
Para a fonte
onde os profetas
Recebem porção
dobrada de espírito
Em plena
juventude
Me escutes
porque o que digo é para sempre
Me siga porque
meus poucos passos sapateiam sobre o destino
Até que não mais
tenhas teus velhos poetas
- “As carruagens
de fogo a rasgarem os céus da vida”.