I
A las Flores
Sonho Avante
Demoras bastante
Num fogo eterno a queimar as pétalas
Que cobrirão meu coração inundado por elas
A las flores
Que haja coragem
O tempo agora urge
O tempo além devora
O tempo atrás agarra
Com as mãos
Minhas, tuas, suas
Mãos do Tempo
Apenas
A las flores
Passar bem a todo desespero
Passar bem
Arte Natura
Arte Naturai
Arte, Arte
Morte das Mortes
Que se guardam entre as Vidas
Que caçadoras de Morte serão
Ah! Canto Sublime!
Canto em que me enlouqueci
Entre outras obras de mim
Já aprendi meu ofício
Quero agora amar ou outro delírio
Senão desertarei o primeiro olhar
Que me cruzar
Visto que deserto nenhum
Virá me buscar
Abandonada das areias minha alma foi
Abandonada das areias - Eis o Decreto
Cala fundo na minha alma
A sentença universal de todas as almas poetisas
O fundo e o final de nossas vidas
Não serei condenado
Serei eternizado
No Eterno Julgamento
E isto apenas
Para que não seja eterno o fim
que nasceria de uma eterna despedida
Não seja eterno o fim
Que nascerá da despedida
Iminente
Ponte Esplêndida!
Animal Sem Igual
Ponte das nossas vidas
Entre Manos de Adeus
Mão dos Tempos Ainda
A brotar de nossas vidas
Até que se revele as águas e os espelhos
Que nascem dentro de nós
Fontes dos desesperos
Onde Amantes a não Amantes
Vêm colher os Adeuses
Que brotam de nossas águas
Vêm dizer a nós
Nosso segredo
Adeuses tantas vezes adorados
Nós o templo
Vêm dizer a nós
O que tanto sabemos
Razão desta eternidade entre as portas dos fins
Desaparecer as Rosas
Esconder as outras Flores
Havia uma Criança em nosso Olhar
Ela era um Nunca Mais
Em nossas Vistas
Até o momento em que foi chamada por um abraço estranho que nos demos
Para ser nossa Visão
II
Haiá! Haiáh! Haiá!
Silêncio a todos os toques de amor
Declara! Declara! Declarai! Declarei vós Deidades de Fim
Deidades de Jardins! A Dizer a mim!
Da Alegria Esquecida das Flores!
A me consagrar uma divindade
Para ser devorada por todas as outras!
Ah! Flores do Esquecimento!
Flores Esquecidas!
Esqueça minha alma, dai minha alma!
Ah! Flor do Esquecer
Flor do Morrer
Impõe meu desaparecimento
Dai vida aos Campos!
Aíah! Aíah! Aíah!
Estapeada a minha cabeça
Até cair em mim derrota
Derrotado pela Queda
Queda! Ah! Mestra Vitoriosa!
Ascende a quem quer bem!
Descende de vós quem recebe tuas graças!
E quem não parece bem a ti!
Devoras as alturas
E se coloca acima delas!
Para ter a Vitória para ti
E desaparecimentos a quem olhares para dar a Desgraça
Deidade da Trapaça
Tua Irmã Ainda
Ah! Flor do Meu Ainda!
Eiah! Eiah!
Flor do Meu Ainda!
Amanhã que se faz agora!
Muda minha História!
Muda Minha História!
Dê o rodopio a Flor Desvanecente
De minha Alma a Rodar um Eternamente
A Dança em que sobrevivo
A Dança da Vida
Flor do Ainda
Das Histórias Transformatriz!
Rodopio de Um Eterno Desvanecer que se dá em favor do que está ao Derredor!
Sonho Avante! Agora!
Alma a Rodopiar Galante!
Dança da Vida! Dança da Vida!
Genialidade da Sabedoria-Diva!
III
Flori!
Floréi!
Tome as Flores
Divindades
Reinares
Reinardes
Queiras tu também
Que esta Flor custa a minha vida
A outra é a minha Vida
Estas Duas me mantêm
Amo-te agora para sobreviver
Até o Fim do Tempo
A Cair sobre tuas Águas
Que serão derramadas
Quando lançares o que há de cima enfim
Terminando meus céus
Terminando meu ofício
Terminando meu martírio
Para as Flores permanecerem
No Meu Jardim Eterno
A Mim Pretérito
Eu Ainda de um Nunca Mais
Ah! Jardim Ainda - Jardin Nunca
Mais! Mais!
Vou te dar minha Alma
Que se foi
Tome da Flor
Beba dos Orvalhos
E se por acaso tu te perderes na Madrugada
Beba do Último Orvalho que será a tua última lembrança de mim
Assim te encontrarás
E nunca mais tornarás para cá
Querida! Querida! Em Teus Pés
Já deixei a Flor de Lótus por Adeus
Estrado de Teus Pés
Porta na Terra
Para queda de minha Alma
Última Saída
Primeira Tua Avenida
Teus Pés Ainda
O Ainda de Teus Pés
Vinda! Vinda!
Bem Vinda!
IV
Alta Torre
Amor Inalcançável
Vou entre as Ruínas de minha Criação
A Última Gênesis
Para levar minha Alma
E depositá-la em tuas mãos
Amor! Amada minha!
Querida!
Que faremos de nossas vidas?
Desvaneça, desvanecer
Desvaneça isto
Seja a Vida
Seja a Vida, Vida!
Que assim tudo vai aparecer
Tu e eu
Desatados da Terra
Crias do Jardim de Eras
Feras a nascer do Nosso Fim
Começos Infindos
Jurei a tua Sinceridade
E a Cor Azulada-Glória
Que Teus Cabelos me fazem ver
Que serei fiel ao teu Amor Escarlata
Enquanto a Praça for Praça
De Quatro Poetas a Declararem Amores
Ao Público de Musas que não estão Ali
Num Aqui onde estão todas elas
No Aqui - Jardim onipresente de todos os Amores
Moradas-Casas
Palácios a Elas
Quero em demasia colher a Flor a Nascer de minha Alma
Para ter acesso ao Eterno Jardim
Onde guarda-se o Segredo de todas as Flores
Eu coloco as mãos em meu peito
E tu enfim sai em secreto
Com Salvas de Palmas do meu coração
Cantando o Sim e Cantando o Não
Dançando e sapateando
Serpenteando
Eu tenho um coração aberto
Você me faz lembrar
Eu te faço passar
Olet! Iolet!
Flor Passante!
Amor Glorificante!
Olet! Iolet! Ioláh!
Você me faz lembrar
Eu te faço passar
A las flores tu e eu
Memória e Caminho
Nadam em diferentes Rios
A Água é indiferente a Comunhão
A Natureza daquilo que é
É
E brilha simplesmente
Na Serpente Imensa
Animal Esplêndida
Nos Rios da Lua Inteira da Noite Plena
Azuis entre Azuis Verdadeiros
Rios Primeiros
Assim é o que é
E brilha
E brilha
Lá
Você me faz passar
Você me faz lembrar
Memória vai a porta
Caminho vai a outra porta
A Simetria a si é Indiferente
Tudo a mesma coisa é
Entre os nadas mutantes de nossas almas
E os universos que se fazem
Fora e dentro daqui
Tudo a mesma coisa é
Passada a Lembrança
Cantarei aqui
Você voa
Acima de mim