Um dia em meu quarto
Uma voz disse para mim
“Você não vai ser feliz”
Com uma segurança capaz de assombrar
Foi uma notícia
Amarga como a morte
Importante como a morte
Não perdi o rumo, encontrei o norte
Descobri que além da felicidade
Havia castelos
Paraísos e muitas delícias
Reais e utopias
Sim! E estas coisas
Poderia eu alcançar todas elas
“Eu garanto!”
Disse a voz
Então, como um hábito
Que renova sempre seu motivo
Amaldiçoei-me
Que diferença haverá em estar mais amaldiçoado
Do que estou?
A maior dádiva:
O amor
Deus me negou!
Mas tudo isso será em vão
Voz de um cretino!
Se a verdadeira felicidade
Não estiver em meu caminho
“Não estará!”
Diz a voz
É para nós
Esse destino!
Então serás mais uma voz
No coro dos tristes
Para escárnio dos espíritos dançantes
Que não conhecem os grilhões que haviam antes
Deixa teu lugar
Saia do teu repouso e do teu refúgio
Eis que te abro
As portas do meu reino!