terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Último Poema do Traidor da Pátria

Sinto na carne toda minha emoção em exílio
Como se o nada-além me preparasse
Para ir ter com ele, para ser ele
Onde não me mato nem me crio

E o criar-libertar-querer
Ato tão inerente ao meu eu
Como se nada e ninguém o quisesse
Indo embora se desvaneceu

Temo o futuro e suas correspondências
Que me envia todos os dias
Através do seu corvo-correio

Eis que vêm os meus carrascos
Que me agrilhoaram para minha última noite
Eis que estão a margem do cárcere meus carrascos
Que me deram toda a noite e nenhum sono

Uma multidão para escarnecer meu abandono
E uma morte nua para vestir meus trapos

(Em verdade
Eu queria vender a alma
Para poder dizer algo fútil antes da morte)