O ser feito
É preferível
Ao perfeito
Cândida luz
Aurora!
Mais uma vez o amor
Irá embora
O que dizer ao coração
Desesperado
Sem saber o que dizer
Por estar desnorteado
E se eu ousar
Entrar por esta porta...
Lá! Além!
Vejo o pássaro debandar do bando
Vendo ele ir embora sangrando
Lá! Já vem!
O leão faminto
Que não quer comer por estar sozinho
Vejo muitas coisas
Foi-me dada a revelação
Para saber o que é alma
E ver o coração das coisas
Vejo
O Pecador ajoelhado
Que por tanto haver pecado
Cansou de pedir perdão
Vejo teu amigo ao lado
Que vinga de você amável
Por ter o sonho devorado
Por ter sido abandonado
(Óh! Besta do meu interior
Deixai-me lutar
Deixai-me livre de você
Para conquistar minha solidão)
Solidão é agora tua grande ambição
Foi o que escutei de tua oração
Oração profunda e singela
Cheia de graça
Semblante que se adorna com a desgraça
Olhar dentro de ti me congela!
Poderia ter falado menos...
Eis que ergo minha voz
Para calar-te então
O que te fará acreditar?
O que te fará tremer?
Vejo-te na escuridão
Mas por que ainda me fita nos olhos?
(Mas como é que ainda consegues me olhar nos olhos?)