terça-feira, 5 de novembro de 2013

XXXII

- A vida é tão bela, eu amo a vida
- Morra!
- Eu amo matar quem ama a vida e eu matei um!
- Você acredita que eu estou morto?
- Você acredita que eu matei?

     Eis que é dada a rotina nesse breve diálogo que é o curso anônimo que norteia as nossas vidas. Isso nos é tão previsível, portanto tão indiferente. A faca que corta a nossa carne é o que importa. Por favor! Não reduza nossas vidas ao termo “humanidade”!

Não reduza nossas vidas
Ao termo humanidade
A real dor de pessoas que foram divididas
Te conduz a insanidade

A faca que corta
Não importa
A faca que sangra tua carne
É o que te comove
(É o que te interessa)

Ser humano
Dois lados da mesma moeda
Quantos lados a livre vontade quiser!
Muitas moedas para teu coração cobiçar!

Vai-te pela sombra!
Não as sombras que te guardam do sol
Nas sombras que dele fogem

O que você pensou agora te assombra
Pobre espírito atormentado!
Que descansa no Hades e anda pelo Seol
Que medita sério no lascivo cemitério

(Cemitério tem pessoas mortas
E nossos pensamentos sepultados
Que eu vou lá desenterrar
E lhe mostro para te escandalizar!)

Enxergue agora a vida
Que puseste no teu altar
Tens quase nenhum sacerdote
Mas muitos para sacrificá-la